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Como as escolas privadas são as que mais atendem os mais pobres nos países em desenvolvimento

Escolas privadas para pobres estão se multiplicando rapidamente por todo o mundo em desenvolvimento. De acordo com um levantamento da The Economist:

As escolas particulares recebem uma percentagem muito maior de matrículas de alunos do ensino primário nos países pobres do que nos ricos: um quinto, segundo os dados compilados a partir de fontes oficiais, comparado a um décimo, duas décadas atrás (ver gráfico 1).

Lucrando com a educação

Como é frequente não serem registradas, certamente estes dados são inferiores aos números reais. Um censo escolar realizado entre 2010 e 2011 em Lagos, por exemplo, descobriu um número de escolas privadas quatro vezes maior que o dos dados do governo.

A UNESCO, agência da ONU responsável pela educação, estima que metade de todos os gastos em educação nos países pobres venha dos bolsos dos pais (ver gráfico 2). Nos países ricos a percentagem é muito menor.

Investimento em educação

De modo geral, fortes evidências indicam que sistemas de ensino privado tendem a criar melhoras no desempenho (aqui, aqui, aqui e aqui), geralmente com uma grande redução de custos, sugerindo que em uma estrutura institucional correta, que pode envolver testes comparativos em nível nacional, um setor privado empreendedor pode produzir ganhos enormes.

Karthik Muralidharan, que realizou um importantíssimo trabalho sobre escolas privadas e remuneração por desempenho na Índia explica da seguinte forma:

Como as escolas privadas apresentaram resultados iguais ou melhores por um terço do custo, a questão fundamental que se coloca é: “Quão melhor seria o desempenho da administração privada se a despesa por criança fosse três vezes maior que a atual?”

A Economist observa que outro avanço promissor são as redes nacionais que podem ser padronizadas e adotar mais rápido as melhores práticas:

A Bridge International Academies, que administra cerca de 400 escolas primárias no Quênia e na Uganda, e planeja abrir outras na Nigéria e na Índia, é a maior de todas, tendo entre seus patrocinadores o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckeberg e Bill Gates. A Omega Schools têm 38 instituições em Gana. A Pearson, que controla 50% do The Economist, tem participação tanto na Bridge quanto na Omega. Redes de baixo custo com até uma dúzia de escolas foram recentemente abertas na Índia, na Nigéria, nas Filipinas e na África do Sul.

As estratégias de cortes de custos da Bridge incluem o uso de prédios padronizados feitos de vigas de madeira brutas, aço corrugado e malha de ferro, e aulas roteirizadas que os professores recitam com computadores de mão conectados a um sistema central, o que poupa em treinamento e monitoramento de professores.

Bridge International Academies
Escola da Bridge International Academies no Quênia

A Economist vê com certo ceticismo as aulas roteirizadas, conhecidas como Instrução Direta no mundo educacional, mas a realidade é que nenhum outro método de ensino apresenta um histórico de sucesso comprovado em experimentos aleatórios tão sólido (ver também aqui e aqui).

É preciso também apontar que a educação online pode levar alguns dos melhores professores no mundo a todos, em todos os lugares, por um baixo custo.

Um artigo da Technology Review intitulado A Índia ama os MOOCs aponta que os estudantes da Índia representam uma grande fração dos estudantes online (para constar, descobrimos muitos alunos indianos na Marginal Revolution University).

Por toda a Índia, a educação online tem ganhado predileção como uma forma de acelerar a carreira, especialmente em áreas técnicas. As matrículas na Índia representam cerca de 8% da atividade mundial no Coursera e 12% no edX, os dois principais fornecedores de cursos online abertos e massivos, ou MOOCs. Só o percentual dos EUA obviamente é maior; o da China é mais ou menos equivalente.

A educação está mudando muito rápido e é o mundo em desenvolvimento que lidera este processo.

Tradução: Igor Saito. Revisão: Marcelo Faria

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