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Por que o conceito de “apropriação cultural” não passa de racismo e ignorância

Um relato que tomou conta das redes sociais nessa última semana reacendeu o debate sobre mais uma invenção dos justiceiros sociais: a “apropriação cultural”.  O termo refere-se à ideia de que brancos ocidentais roubam elementos culturais de “minorias étnicas”, usando-as de forma indiscriminada e sem respeitar a “cultura alheia”.

O relato em questão foi escrito por uma moça que, por ter raspado os cabelos em razão de um câncer, optou por usar turbantes na cabeça. A moça foi questionada por duas mulheres negras no metrô, visto que era branca e que, na cabeça dessas pessoas, não possuía o direito de usar o turbante, que deve ser de uso exclusivo de negros. A moça conta que explicou que utilizava em razão de sua doença.

Apesar de ter indignado muitas pessoas em relação à estupidez de quem acredita na ideia de que culturas de minorias são “roubadas” por brancos ocidentais, o relato também ajudou a tirar a máscara de justiceiros sociais que escondem um racismo velado. Mesmo com o fato de que o turbante estava sendo usado por causa de uma doença, ainda houve quem argumentasse que “câncer não é desculpa para se apropriar da cultura negra”, entre outras idiotices, como é possível ver nos prints abaixo:

Feminista reclama da “apropriação cultural”. Conta foi deletada posteriormente.

Esse tipo de postura da militância de esquerda/negra não mascara apenas o racismo, mas também a enorme ignorância de quem defende esse tipo de coisa. Os turbantes foram criados muito provavelmente pelos mesopotâmicos e foram utilizados por diversos povos diferentes pelos séculos. Persas, árabes, judeus, hindus, indianos, gregos, povos das Américas, todos usaram turbantes de várias maneiras e bem antes da era cristã. O turbante, inclusive, já foi símbolo de status social e poder econômico e político em alguns povos, inclusive africanos. Aliás, esse também é o caso das tranças e dreadlocks.

Turbantes também já foram utilizados por pintores e artistas para proteger os cabelos das tintas e pó de mármore, fizeram parte da indumentária de homens e mulheres europeus durante o período medieval, foram utilizados por Maria Antonieta como peça de moda, e, finalmente, renasceram quando Paris já era considerada a capital mundial da moda no século XX com o estilista frânces Paul Poiret na década de 20. Turbantes também foram muito utilizados pelas mulheres europeias durante a II Guerra Mundial para esconder os cabelos mal cuidados devido às condições de vida precárias da época.

No Brasil, ao contrário do que se possa pensar, o turbante chegou com os primeiros europeus que vieram desbravar o território, não com os negros africanos. Há relatos de que viraram moda no país com a chegada da família real, em 1808, visto que a rainha Carlota Joaquina e outras damas da corte desembarcaram usando turbantes para disfarçar a peste de piolhos que acometeu os tripulantes durante a viagem.

Se levarmos ao pé da letra a ladainha de “apropriação” cultural, então coisas como calça jeans, aviões, eletricidade, penicilina, pasteurização, antibióticos e ressonância magnética não devem ser utilizados por qualquer um que não seja homem, ocidental e branco, já que são fruto do trabalho árduo de homens brancos. O mesmo vale para o famoso iPhone, acessório desenvolvido por Steve Jobs, um americano branco, o smartphone favorito dos justiceiros sociais para escrever textões no Facebook sobre opressão.

Se alguém está fazendo algum tipo de “apropriação cultural” são os próprios militantes do movimento negro ao tentar transformar uma peça utilizada por diversos povos ao longo dos séculos em algo exclusivo de um grupo étnico “oprimido” e símbolo de luta.

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