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Clara Averbuck, o suposto estupro e o desserviço prestado às mulheres

No último dia 28 de agosto, a “escritora” Clara Averbuck escreveu em seu perfil no Facebook ter sido vítima de estupro durante uma corrida com um motorista do aplicativo Uber. No texto, a escritora afirma que estava bêbada quando ocorreu o fato e que o motorista em questão aproveitou-se da situação para praticar o suposto crime. Entretanto, o que mais chama atenção no relato é que Clara afirma que não irá realizar nenhuma boletim de ocorrência, visto que não quer se submeter ao que entende como “a violência que é ir numa delegacia da mulher ser questionada” ou “violência do estado”.

O argumento de Clara não faz sentido algum, principalmente partindo de alguém que se diz feminista. Ao recusar-se a realizar uma denúncia de maneira formal, a escritora está deixando que um suposto criminoso deixe de ser punido pelo crime gravíssimo que cometeu. Em plena era da ” lei do feminicídio”, algo tão defendido pelas feministas, faz algum sentido que uma militante deixe um estuprador impune? O Uber baniu o motorista e possui todos os dados sobre ele, incluindo duração da corrida, local de embarque e desembarque, tempo em que o carro ficou parado, etc. Se o Uber consegue identificar, o que impediria que o suposto estuprador fosse identificado pela polícia e respondesse pelo crime? Absolutamente nada.

Clara também afirma que seria julgada e questionada como vítima na delegacia da mulher. Faz algum sentido que alguém que esteja com medo de julgamentos divulgue a sua história no Facebook? Redes sociais são os melhores lugares para que as pessoas questionem relatos ou duvidar diretamente do que está escrito. Não faz sentido algum ter medo de um suposto questionamento da polícia, mas não ter medo de questionamentos e linchamento virtual.

A mesma pessoa que “teme julgamentos” fez questão de falar sobre o caso também em vídeo (cujo texto foi transcrito por diversas mídias, como o Estadão). De acordo com Clara, ela “não confia no sistema” e, por isso, não fez o boletim de ocorrência na polícia, dado que não tem como provar o suposto crime. Segundo ela, “violência sexual é o único crime que quem tem que provar é a vítima”. Não, querida: QUALQUER crime depende de provas para punir o criminoso. Ou você pensa mesmo que textão no Facebook deve ser suficiente para colocar alguém na cadeia, um local onde estupradores têm que ficar afastados dos demais presos se quiserem continuar vivos?

Para completar a história muito mal contada, Clara afirma que “o cara sabe onde eu moro, não me deixou na frente da minha casa, senão teria câmera e seria muito mais fácil identificar; ele parou na rua ao lado da minha casa porque já estava mal intencionado”. Ué, amiga: se você está com medo do cara que supostamente te estuprou, fazer textão no Facebook, divulgar no Instagram, fazer um vídeo e agendar uma aparição em um programa de televisão para “falar sobre feminismo” não me parece ser uma boa forma de se manter no anonimato, não acha? Sabe aquele boletim de ocorrência que você não quer fazer? Pois é, com ele a polícia poderia obter imagens de quaisquer câmeras, incluindo as da rua ao lado da sua casa.

Em resumo: Clara é só mais uma feminista prestando um desserviço às mulheres. A necessidade de exposição para ganhar curtidas, comentários, seguidores e mídia é tão grande, que entre denunciar um estuprador para a polícia e escrever textão lacrador, ela preferiu a segunda alternativa. Aliás, reitero que não duvido que o estupro tenha de fato acontecido, da mesma forma que não duvido que seja mais uma história fictícia, as já famosas “fanfics”. Não sabemos e provavelmente nem saberemos o que de fato aconteceu, visto que não haverá investigação policial sobre o caso, e tudo o que temos é mais um texto lacrador que viralizou na rede para ser em breve esquecido.

Minha única certeza sobre o caso é que Clara Averbuck deu um péssimo exemplo, deixando claro que é preferível lacrar nas redes sociais, colocando a culpa nos “homens que reproduzem a violência que eles conhecem”, do que tentar prender os estupradores. Na lógica de Clara, quem estupra deve permanecer impune e livre para fazer vítimas porque “estuprador não é monstro”, mas rende seguidores e mídia que é uma beleza.

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