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O discurso século XIX do movimento estudantil e a ignorância dos inimigos da liberdade

Esta semana o ILISP divulgou um vídeo em sua página no Facebook com um exemplo de como pensa boa parte (por enquanto) do movimento estudantil brasileiro. O vídeo, que alcançou 1,1 milhão de visualizações, 30 mil compartilhamentos e mais de 10 mil comentários apenas na nossa página – e foi retirado do Facebook após denúncias da “democrática” esquerda – levou a uma enxurrada de manifestações contrárias ao pensamento socialista nas universidades. Reproduzo abaixo o vídeo original e o texto que o acompanhou, e continuo a falar sobre o assunto logo abaixo do trecho.

Essa é a Jessica Antunes. Jessica é do Centro Acadêmico do Curso de Letras (FFLCH) da USP. Nesse vídeo, Jessica estava fundando a “Juventude Anticapitalista e Revolucionária” com um microfone capitalista opressor, sentada numa cadeira capitalista opressora e cercada por águas minerais engarrafadas por uma empresa igualmente capitalista opressora. Jessica acredita que ela é que deve escolher os juízes e que eles não podem ser formados nas melhores escolas dos EUA. Jessica acredita que a Lava Jato é uma operação para privatizar a Petrobras (uma pena que não seja), que Sérgio Moro está em conluio com a Shell e os interesses americanos (alguém esqueceu de avisar a ela que a Shell é anglo-holandesa), que o impeachment é uma medida “anti-democrática e reacionária” (enquanto não sabe sequer que foram milhões de pessoas que votaram nas eleições) e que a melancia socialista chamada Marina Silva e o social-democrata Aécio Neves são “direita”.

Na cabeça oca e ignorante de Jessica, dar calote em milhões de credores da dívida externa não teria efeito algum, o ensino privado deveria ser estatizado (vide as “maravilhosas” escolas estatais!), não há escassez de recursos (logo podemos abolir o vestibular e todo o Brasil estudar nas universidades, eeeee), o dinheiro da educação estatal cai do céu (“educação pública, gratuita e de qualidade”) e todos devem ter “direito” a tudo, dado pelo estado com o dinheiro roubado dos outros, claro. E que, apesar de estar cercada de coisas providas por empresas capitalistas, “o capitalismo não serve” e precisamos de uma “revolução anticapitalista” para “acabar com a propriedade privada” e “tomar os meios de produção” por meio do estado (que é o real assaltante do fruto do trabalho de milhões de pessoas e não os “empresários”) e assim ter uma sociedade “realmente igualitária e livre” (stalinismo e liberdade!!!). E tudo isso defendido com o dinheiro roubado de 44 milhões de pessoas.

Esse é o discurso de Século XIX que ainda domina os movimentos estudantis na ampla maioria das universidades brasileiras. Um discurso sem a menor noção de história, de economia e dos avanços que o capitalismo produziu: ou seja, um discurso de esquerda.

Mas a história não acabou por aí. Com raiva (como afirmou em seu perfil no Facebook) da repercussão do vídeo original, Jessica fez um novo vídeo – usando um óculos “capitalista opressor”, gravado em uma câmera produzida por uma empresa igualmente “capitalista opressora” e disponibilizado no Youtube, controlado por uma das empresas mais “capitalistas opressoras” do mundo, o Google – em resposta ao que chamou de “ataques reaças” do ILISP. Reproduzo o vídeo abaixo e comento logo depois:

O vídeo mostra claramente como a esquerda é totalmente ignorante sobre o que tenta criticar. Iniciando pela afirmação de que somos “de direita” – o que é uma inverdade, somos liberais e não somos “de direita” (conservadora) – Jessica mostra claramente que ficou incomodada com a divulgação e repercussão do vídeo. Seja na crítica aos comentários “reacionários” (como a esquerda desconhece o significado de “liberdade de expressão”, tende a relacionar a existência de liberdade de expressão plena nos comentários com ser responsável e favorável aos mesmos) seja por tentar qualificar nossa divulgação (“eles estão putos” e “desesperados”, como se nós tivéssemos denunciado em massa o vídeo para que saísse do ar), o vídeo é uma nova coleção de afirmações totalmente sem sentido e que são facilmente refutadas pela própria realidade.

Faço então uma breve – na medida do possível – análise do vídeo para compor a tréplica. Ignorarei o fato de uma aluna de Letras dominar tão pouco a língua portuguesa e as mentiras fora do plano das ideias, especialmente as relacionadas à USP, bem como a lógica absurda de dizer que “queremos esconder essa galera” (anticapitalista), sendo que nós mesmos divulgamos o vídeo original. Vamos lá.

Uma das pautas defendidas por Jessica é a “estatização das universidades para que todos possam estudar”. É realmente curiosa essa afirmação em um país onde o estado mal consegue prover 30% das vagas do ensino superior – mesmo gastando quatro vezes mais por aluno do que gasta no ensino fundamental e médio – e mesmo controlando totalmente o ensino por meio do MEC – que regula até mesmo o currículo que as universidades privadas têm que adotar – não consegue colocar uma universidade brasileira que seja entre as 100 melhores do mundo. Fora as greves, as invasões, a falência das universidades pelo inchaço de gastos – como no caso da própria USP – e a total alienação que muitas universidades enfrentam em relação às demandas do mercado.

Outra pauta curiosa da esquerda universitária é “fora polícia da universidade”. Ainda mais vindo de uma estudante da USP, que sofreu com um assassinato e casos de estupros e roubos dentro da universidade há pouco tempo, é bastante irresponsável imaginar que as universidades não devem ter a entrada da polícia – infelizmente, um monopólio do estado – e que serão guardadas pelo Batman ou pelo Super Beck. Alguém precisa prestar o serviço de segurança e a guarda universitária não tem poder de prender ninguém, exceto em flagrante. No mais, os liberais defendem o fim da guerra às drogas (Jessica entra em choque neste momento), o que certamente faria reduzir e muito as incursões da polícia nas comunidades pobres – que ainda seriam necessárias em caso de crimes.

Mais um ponto curioso mencionado no vídeo é a esquerda que quer “se ligar aos trabalhadores para barrar demissão, para barrar ajuste”. Ora, nenhuma empresa quer demitir trabalhadores e fazer ajustes. Pelo contrário. Todo empreendedor sonha em fazer a sua empresa crescer e prosperar, e isso envolve contratar o máximo de funcionários necessários para cumprir a função da empresa. “Barrar demissão e ajuste” acaba “barrando” as próprias contratações – como já ocorreu em alguns países do mundo, como Espanha e França, que tiveram ou estão tendo que voltar atrás em suas legislações trabalhistas – e impede que as empresas sejam eficientes, o que leva ao fechamento das empresas (“genial”, ao invés da empresa demitir alguns, fecha e demite todos) ou elevação dos preços (para compensar a ineficiência). O mundo não é um arco-íris colorido com unicórnios socialistas saltitantes: cada intervenção do estado na economia tem efeitos nefastos sobre como ela funciona.

Cabe destacar também a menção a esquerda ser “contra os privilégios”. Ora, ora. Mas quem defende o estado não é própria esquerda? Quer privilégio maior do que ter estabilidade laboral, ter seu salário pago às custas de milhões de pessoas e ser praticamente um semi-deus que pode acusar qualquer um que o contrariar de “desacato”? Não há nada mais *a favor* dos privilégios do que defender mais estado. São os liberais – aqueles que defendem essa iniciativa privada “malvada e opressora” – que são realmente contra os privilégios.

Enfim, chego finalmente aos pontos que me interessavam mais. Jéssica menciona que nós falamos que o capitalismo deu certo e que isso é um absurdo porque “as pessoas vivem na miséria, passam fome”. Bom, provavelmente nossa esquerda não sabe – ou ignora – mas o Brasil está MUITO longe de ser um país capitalista. Estamos apenas na 122a posição no ranking de liberdade econômica da Heritage e 118a posição no ranking da Fraser. Somos um dos países onde mais se leva tempo para abrir e fechar uma empresa, onde o estado rouba cinco meses do suor de milhões de trabalhadores todos os anos, há excessiva regulação estatal, burocracia extrema até mesmo para pagar impostos, legislação trabalhista fascista e totalmente controlada pelo estado, agências reguladoras de todos os tipos para beneficiar os amigos corporativistas do poder e até mesmo o pobre que tenta trabalhar na rua é perseguido. Isso não tem NADA a ver com capitalismo. Capitalismo é sobre LIVRE mercado, trocas voluntárias totalmente livres e bem longe do estado. Isso JAMAIS houve no Brasil. É justamente o estado que a esquerda tanto defende que mais contribui para a miséria no Brasil e no mundo.

Curioso também Jessica afirmar que “o capitalismo mata” enquanto defende a ideologia mais assassina de todos os tempos, o socialismo. Não foi o capitalismo que matou mais de 100 milhões de pessoas somente no Século XX, boa parte delas de fome, fora os tiros na nuca, revoluções, armas e guerras. Estados invadindo outros estados para tomar seus recursos naturais, promover guerras e/ou matar milhares (muitas vezes, milhões) de pessoas não tem NADA a ver com capitalismo. Liberais são totalmente contrários a essas intervenções. A fome foi historicamente gerada ao redor do mundo por regimes socialistas e – graças ao capitalismo – pela primeira vez na história da humanidade *menos* de 10% da população mundial está na pobreza extrema e nunca houve tão poucos famintos. Nunca o mundo teve tanto acesso à tecnologia, bens e serviços, incluindo milhares deles que não eram acessíveis nem mesmo a bilionários do começo do século passado.

A esquerda insiste em acreditar que economia é um jogo de soma zero, onde alguém só pode ser rico se outros são pobres, quando a história econômica do mundo mostra totalmente o inverso. E tudo isso enquanto são contra os 62 “milionários” (na verdade, bilionários – Jéssica tem um sério problema com exatas) que teriam 1% da riqueza mundial (que é ativo, ou seja, diferente de renda), mas defendem a instituição que rouba, só no Brasil, 2 trilhões de reais por ano de pobres e ricos: o estado. No mais, não é o capitalismo que está causando a “diáspora” do Oriente Médio – ou, geralmente, de qualquer outro lugar – é justamente a intervenção do estado. Do contrário, os refugiados não buscariam asilo em alguns dos países com maior liberdade econômica do mundo – como a Alemanha e outros países europeus – mas sim na China, Rússia e outros países onde há forte intervenção estatal.

Concluindo, não poderia deixar de mencionar a completa ignorância sobre as ideias liberais – como previsto. “Missi” (hahaha) e Ráiqui (Hayek) jamais defenderam que “o capitalismo seria igualitário”. Pelo contrário, os liberais entendem que as pessoas são diferentes – obviamente – e que tentar torná-las iguais (geralmente por meio do estado) é não apenas anti-natural, como leva ao fim da liberdade, à fome, à miséria e à geração de alguns que são menos iguais do que os outros, uma casta de ricos às custas do dinheiro roubado dos demais: os membros do estado. É por isso que defendemos Menos “Marques”: além de sua teoria furada ter sido amplamente desmentida pela realidade, foram os economistas liberais da escola austríaca de economia (MISES, Hayek, Bohm Bawerk, Menger) que comprovaram que todas as afirmações de Marx estavam incorretas, incluindo falácias como a “exploração do trabalho” (baseada na furada “teoria do valor-trabalho”), a “mais-valia” e o socialismo em si. Não é à toa que Marx tem sido cada vez MENOS lido (conforme pode comprovar o Google Trends): as pessoas estão realmente procurando as ferramentas para transformar sua realidade e essas ferramentas estão no liberalismo, não no marxismo.

Graças aos liberais, cada vez mais pessoas vêem como é absurdo o discurso da esquerda e como a solução para o país é mais liberdade e menos estado. Vídeos como esses apenas nos ajudam nessa missão – basta ver os mais de 10 mil descurtir no link original do novo vídeo de Jessica. A esquerda está desesperada e isso é só o começo.

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