A Folha de São Paulo e diversos blogs de esquerda divulgaram uma reportagem com o argumento de que a pobreza da Argentina aumentou graças às medidas liberais adotadas por Macri como a liberação do câmbio e a redução dos subsídios.
“A inflação provocada pelo fim do câmbio controlado e dos subsídios aos serviços públicos, promovidos pelo presidente Maurício Macri, fez com que 1,4 milhão de pessoas voltassem à pobreza na Argentina nos últimos três meses.”, disse a reportagem da Folha.
Primeiramente: se isso fosse realmente verdade, bastaria inverter a lógica (controlar o câmbio) e teríamos de volta 1,4 milhão de pessoas fora da pobreza. Ou melhor, por que não aumentar ainda mais o controle estatal sobre o câmbio e fazer o peso argentino valer mais que o dólar para erradicar a pobreza?
É claro que a solução da pobreza não é tão simples assim. Tem que ser muito ingênuo para pensar que resolveríamos um problema tão complexo com uma simples canetada dos burocratas. Mas, por incrível que se pareça, essa é a ideia passada na reportagem da Folha e de outros veículos de mídia.
O que aconteceu na Argentina não foi um aumento de pobreza, mas apenas a sua revelação. O controle artificial do câmbio impossibilitava o real cálculo econômico, logo o poder de compra dos argentinos tinha valores maquiados. Com o dólar oficial controlado, os argentinos podiam teoricamente comprar produtos importados mais baratos, isto é, tinham um poder de compra alto. No entanto, nem todos argentinos conseguiam adquirir o dólar oficial porque havia restrição do governo.
Em outras palavras, os argentinos não tinham o poder de compra que as estatísticas do governo diziam porque para comprar os produtos, eles precisavam recorrer ao dólar paralelo, que era muito mais caro do que o dólar oficial.
Quando o atual presidente Macri liberou o câmbio, o dólar oficial alcançou o dólar paralelo. Ou seja, revelou a situação caótica que estava escondida debaixo dos panos com as medidas de controle cambial.
Não houve aumento na pobreza na Argentina de fato, o que mudou é que os argentinos, ao invés de comprar dólar paralelo, começaram a comprar dólar oficial.
Além disso, o relatório divulgado pela ODSA (Observatorio de la Deuda Social Argentina), que foi usado como fonte pela grande mídia, não usa dados amostrais para calcular a pobreza, mas apenas uma projeção, uma simulação baseada nos dados do dólar oficial. Ou seja, o relatório considera o dólar artificial do governo Kirchner como se fosse o usado pela população, quando na verdade os argentinos sempre usaram o dólar paralelo (blue dolar), que era muito mais caro que o oficial.
E TEM MAIS: OS JORNAIS OMITIRAM OUTRA PARTE DA INFORMAÇÃO
Sim, é isso mesmo. Os jornais brasileiros e esquerda em geral, além de “esquecer” de mencionar que a informação era de uma simulação e não dados reais, também “esqueceu” de mencionar que mesmo na estranha projeção da pobreza feita pelo estudo, a projeção de abril mostra que a pobreza teria voltado a cair e que há um segundo índice (EAHU), que mostra uma pobreza menor do que a que foi divulgada pela mídia (EDSA). E o motivo desta queda é a redução do preço do dólar.
Em resumo: enquanto a Venezuela realmente apresenta uma elevação crônica da pobreza graças ao socialismo – ignorada por ampla parte da mídia – a esquerda brasileira está preocupada em utilizar simulações duvidosas e manipular dados para tentar mostrar que as medidas liberais de Macri estão dando errado. E isso é tão falso que 69% dos argentinos aprovam o governo Macri.