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Como o governo imprime dinheiro para pagar os gastos públicos

base monetária
Gráfico da base monetária, papel emitido pelo Banco Central.

Dizem que dinheiro não nasce em árvores, mas a verdade é que o sistema bancário cria dinheiro (imprime) muito mais rápido do que as árvores crescem. A maioria das pessoas não faz a menor ideia de como se dá a criação da moeda. Economistas e banqueiros fazem soar tão complexo que as pessoas pensam que não podem entender. Mas eu vou destrinchar nosso sistema monetário na sua essência, assim você vai ver o esquema por trás da cortina e entender como lhe afeta.

Todas as sociedades modernas criam suas moedas praticamente do mesmo jeito. É assim no Brasil, na Argentina, na Venezuela, nos EUA, enfim, em todos os países que controlam as moedas com Banco Central. E todas essas manobras começam durante as eleições, quando um político diz: “Votem em mim, eu vou investir mais em educação, em saúde, em segurança… Vou oferecer coisas ‘grátis’ para você”.  Mas não existe essa história de “coisas de graça”, então para conseguirem oferecer isso, os políticos votam leis e projetos para gastar mais do que recebe. Isso é chamado de déficit público.

Para bancar esse déficit público, o Tesouro Nacional empresta moeda emitindo um título. E o que é um título? Se você parar para pensar, um título não é nada mais do que uma nota promissória “gloriosa”. É um pedaço de papel bonito, com números impressos nele e que dizem: “Me empreste alguns bilhões de reais hoje e eu prometo que ao longo de 10 anos vou pagar de volta esses bilhões de reais, com juros”. Mas o que você precisa entender é que títulos do tesouro são a nossa dívida nacional. Essas notas “gloriosas” vão ser pagas por você, eu e nossos descendentes por tributação no futuro. Sendo assim, quando o governo emite um título ele rouba prosperidade do futuro para poder gastá-la hoje.

Para emitir os títulos, o Tesouro faz um leilão e os maiores bancos, investidores e fundos de pensões aparecem e competem para comprar parte da nossa dívida nacional, e lucram com isso, ganhando os juros. É por meio de um joguinho chamado “operações de mercado aberto” (Open Market) que os bancos podem vender alguns desses títulos para o Banco Central, com lucro.  Para pagar pelos títulos, o Banco Central abre seu bom e velho talão de cheque e escreve “cheque falso, sem fundo e que deveria voltar porque é de uma conta que sempre está sem saldo, não há um centavo lá”.  O Banco Central entrega, então, esses cheques “falsos” para os bancos privados, e é nesse momento em que a moeda é criada (impressão de dinheiro). Em um próximo leilão, os bancos pegam esse cheque emito pelo Banco Central e compram mais títulos do governo. Resumindo: o Banco Central paga os bancos privados pelas dívidas anteriores, e eles usam o dinheiro criado “do nada” para comprar mais títulos públicos. O Tesouro Nacional resgata esse dinheiro e cobre o déficit público.

Esse processo acontece todos os dias e o Banco Central utiliza essas manobras para manipular a taxa de juros. Quando a economia tem baixo crescimento, o banco central compra os títulos dos bancos privados para “injetar” crédito no mercado, forçando uma queda na taxa de juros. Quando a expansão monetária resulta em inflação, o Banco Central vende os títulos do governo, forçando o aumento nas taxas de juros. E a explicação para a baixa e alta na taxa dos juros é muito simples, basta a gente lembrar do conceito da oferta e demanda. Se o Banco Central compra títulos, a oferta de credores aumenta, isto é, o Banco Central concorre com outras instituições, fazendo os juros caírem. Quando o BACEN vende os títulos, o Tesouro Nacional encontra um grande concorrente para emitir novos títulos, e para conseguir liquidar a venda, os juros sobem.

Em um momento de crise ou recessão econômica, exatamente como passa o Brasil, se o Banco Central vender títulos para controlar a inflação (subir juros), ele vai retirar liquidez nos bancos privados, que irão emprestar menos aos empresários e empreendedores, resultando em queda nos investimentos. Então, o Banco Central evitará subir os juros (vender títulos). E como o Tesouro Nacional precisa emitir novos títulos para cobrir o rombo nas contas públicas, o Banco Central opera na ponta compradora, isto é, vai comprar títulos dos bancos privados e criar liquidez para eles emprestarem dinheiro ao governo sem afetar os empréstimos aos empresários (sem os investimentos dos empresários, a recessão continua). Quando isso acontece, temos na prática a impressão de moeda para pagar as contas do governo.

Por lei,  o governo brasileiro não pode usar o Banco Central para financiar o próprio gasto, mas eles usam indiretamente os bancos privados, que recebem dinheiro criado do Banco Central e lucram muito com isso. É no meio de tantos nomes difíceis e várias manobras indiretas e complexas que o governo e bancos escondem a máquina de criar dinheiro do estado. E quando ela é acionada, o governo aplica a pior e mais severa forma de imposto: a inflação.

 

 

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