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Mentor Neto: O publicitário do capitalismo que é contra o capitalismo

O objetivo principal das mídias sociais é a interação. Elas servem para criar espontaneamente redes sociais onde as pessoas expõem ideias, conversam e debatem sobre os mais diversos temas, sem importar a localização física ou fuso horário.

Há um recurso nestas soluções tecnológicas para restringir o acesso e interação com pessoas indesejadas. Em uma das mais populares ferramentas, o Facebook, este recurso é conhecido como “Bloquear”.

Recentemente acompanhava as publicações de um publicitário bastante popular, que escreveu um livro e até apareceu em um programa de entrevistas na televisão, destes que há alguns anos teve muita audiência.

Eis que em uma de suas postagens, ele resolve falar sobre uma parcela da população e sua relação com o cenário político-econômico brasileiro. Quis comentar, pois achei o texto uma expressão de ignorância ou má fé. Como retorno da interação, fui bloqueado pelo autor.

Em um texto bastante confuso, o publicitário discorre sobre questões políticas, econômicas e de liberdades individuais, usando uma “persona” que ele chama de “novo liberal”. Segundo ele, este perfil de indivíduo surgiu graças a “incompetência da esquerda” e não pela falta de perspectivas futuras de prosperidade, de demonstrações estatais de repressão, do enriquecimento indecoroso de políticos usando o dinheiro de impostos e pela Internet, que além de válvula de escape para aflições do cotidiano, é também uma fonte de conhecimentos diversos.

A nova direita é mais um legado de 12 anos do Governo PT.
A incompetência da esquerda criou este personagem:
O “novo liberal”.
O novo liberal é um sujeito que viveu boa parte da vida sob o PT, por isso quer o oposto da moeda.
Chega de PT. Chega de esquerda.

O publicitário é sócio de uma das grandes agencias de marketing do Brasil, cujo modelo de negócio é focar no principal objetivo das empresas: vender mais. Toda a história deste profissional , incluindo sua formação, o levou a desempenhar um importante papel no sistema econômico, que é fomentar o mercado nacional. Seja por argumentação ou persuasão, a natureza da atividade desenvolvida por ele é cativar possíveis consumidores a consumir mais.

Em seu devaneio, o publicitário demonstra que não faz a mínima ideia do mal que é a cada vez mais corrosiva presença do estado na economia, com seus excessos burocráticos e impostos. Ele ignora que os “agentes econômicos” que mais sofrem com a presença do estado são as pessoas, em sua maioria bastante humildes, que buscam alternativas a educação estatal e ao mercado de trabalho formal, empreendendo. Embora mencione economistas liberais como Adam Smith e Milton Friedman, com certeza não desconfia que quem recebe até 3 salários mínimos é responsável por mais da metade da arrecadação (extorsão legalizada) do estado.

O novo liberal quer “menos presença do Estado na economia”.
Cita Milton Friedman de boca cheia.
Diz que a economia tem que estar na mão da sociedade privada.
Este mesmo liberal não se dá conta da quantidade de ignorantes e analfabetos funcionais que existem no país.
Gente que, se a economia estiver na mão da sociedade privada, será relegada a ser mão de obra barata.

Defende o livre comércio.
“Oferta e procura” é quem manda.
“O mercado é soberano, ainda mais num mundo globalizado” repete o novo liberal, sem se dar conta que neste mundo globalizado seremos sempre a senzala, fornecendo mão de obra barata e commodities.

Há um ponto que concordamos, a crítica a meritocracia. Ao observar e estudar um pouco os sistemas sociais, é possível concluir que a meritocracia funciona como recurso de “premiação” em sistemas parcialmente fechados, como competições esportivas, no tradicional método de ensino das escolas, em empresas de gestão autocrática e verticalizada, nos concursos da máquina estatal, campanhas políticas e etc. No livre-mercado, que é objeto de chacota do autor, o que funciona mesmo é a criação de valor. Quanto mais pessoas reconhecerem como útil o serviço prestado ou o produto, melhores serão seus resultados financeiros.

Mas para mim até que serviu bastante o esforço que eu fazia ao atravessar a cidade as 5 horas da manhã, pendurado na porta de um ônibus lotado, partindo de uma rua de terra na periferia da zona leste até o bairro do Ipiranga. E ainda, depois de estudar e trabalhar, ficar até tarde da noite lendo livros de programação doados. Considero um mérito conseguir aos poucos avançar em direção a novas possibilidades que me trouxeram mais conforto e oportunidades de aprendizado. E isto faz mais de 12 anos.

O novo liberal padrão é quase sempre um jovem, instruído porém desconectado da realidade do país.
Acredita piamente na Meritocracia, afinal nasceu cheio de méritos o que lhe permite uma vantagem competitiva já na largada.
“Eu me esforcei a vida toda, estudei dia e noite e mereço o que conquistei”

Esquece que comeu melhor, estudou em escolas melhores, tomou remédios e conhece esgoto como algo que existe atrás das paredes ao invés de exposto no chão onde brincava quando era criança.
Por isso é contra ação afirmativa ou qualquer tipo de quota que possa anular seu mérito de ter dado a sorte de nascer privilegiado, por exemplo.

Depois da crítica a quem quer caminhar ou até correr com as próprias pernas sem se preocupar com as rasteiras que o estado prepara e dá, o publicitário continua com sua visão de futuro da sociedade, sem apontar qualquer referência. Ele critica a liberdade natural que cada um tem de dispor o próprio corpo, da maneira que quiser, inclusive para defender a própria vida. Não é estranho para o publicitário que em pleno 2016, sua principal propriedade seja controlada pelo estado. Nos comentários, afirma que nada valem comparações e referências de outros países e culturas. Mesmo nos mais diversos, como EUA e Portugal.

O novo liberal padrão é a favor da liberação da maconha, porque não se importa que aumente em 300% o risco de esquizofrenia nos adolescentes.
“Se pode tabaco e cerveja, então pode maconha”.
Ou “o Estado não pode dizer o que eu consumo”.
Ou “vai reduzir a violência e esvaziar a criminalidade”, afirma sem se dar conta que quem terá o monopólio sobre a droga não será mais o tráfico.
Mas os políticos.
O Estado, esse mesmo que ele quer distância.
É a favor do porte de armas porque, como um redneck americano, imagina-se no direito de defender sua vida e propriedade.

É uma pena ser bloqueado e não poder ler mais os textos divertidos sobre coisas simples do cotidiano de um empresário que vive a vida a convencer as pessoas a consumir mais produtos de qualidade (espero), estimulando o mercado. Que atua em um segmento de mercado onde as empresas preferem contratar os profissionais como Pessoa Jurídica (pudera, a CLT é uma modalidade onerosa para todos), utilizando um tipo de contrato semelhante ao modelo de relação trabalhista que divulgamos no ILISP, onde o contratante e o contratado acertam seus termos de trabalho, remuneração e ajustes, sem a interferência de sindicatos e principalmente do estado.

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