Antigamente, o bom taxista era aquele que conhecia a cidade como a palma da sua mão. Até o GPS aparecer. Depois, o taxista bom passou a ser aquele que conhecia os caminhos melhores nos horários de pico e sabia evitar o trânsito. Então veio o Waze. Mesmo assim, aqueles que tinham o melhor ponto e relacionamento com os clientes (ou pagavam o Radio Taxi) ainda levavam vantagem. Até a chegada do 99Taxi e EasyTaxi, aumentando o acesso ao usuário e dando mais segurança nas formas de pagamento.
Agora qualquer um com uma CNH tem a capacidade técnica para ser um taxista. Mas, para isso, tem que ter a licença da prefeitura ou trabalhar como motorista de frota pagando diárias, sonhar e guardar MUITO dinheiro (diversas notícias reportam de 150 mil a 1 milhão de reais, dependendo do ponto) para comprar sua licença estatal. Sendo que justamente por causa do aumento do “público-alvo” que a licença, ilegalmente vendida por uma máfia que atua há décadas, se valorizava.
Ai veio o Uber… com GPS, Waze, sistema igual ao 99 e Easy, carros melhores com banco de couro, motoristas bem vestidos, balinha, água e um sistema de cobrança mais inteligente, moderno, justo e geralmente mais barato.
Os chefões da máfia das licenças, que estavam sentados em sua “commodity”, ficaram malucos com seu “produto” se desvalorizando. De um dia para o outro, qualquer um com um carro de 60 mil reais e que seguisse os requisitos do Uber (atestado de antecedentes, CNH profissional etc.) poderia concorrer. O que eles fizeram? Apelaram para os sindicalistas e políticos que fazem lobby para a “categoria”. E deu no que deu: violência, ameaças, medo, dano ao patrimônio privado e um despreparo incrível das prefeituras para resolver a situação. Isso levou à “proibição” do Uber em São Paulo e em outras cidades, como a minha cidade natal, Campinas, por exemplo.
E foi um tiro no pé.
Taxistas e sindicalistas se sentiram com a razão, uma vez que o “papai” estado estava os defendendo e ficaram ainda mais violentos e ousados, chegando a chamar motoristas do Uber para agredi-los, a ineficácia da fiscalização da prefeitura ficou ainda mais evidente e ficou ainda mais claro o que todo liberal já sabe: não adianta proibir. Enquanto isso, a Uber continuava atuando e pagando as despesas de apreensões e danos físicos aos veículos e condutores, orientando seus motoristas a não entrar em confronto e a descarregar seus passageiros caso houvesse ameaça. E no fim tivemos a decisão judicial liminar que liberou o serviço em São Paulo.
Haddad, em ano eleitoral, está em uma sinuca de bico: sua fome reguladora quer controlar e taxar ainda mais o Uber para proteger uma classe que tradicionalmente vota e influencia votos, os taxistas não entendem e querem a proibição, e o restante da população quer opção e qualidade.
Por anos o cartel de táxis levou os preços às alturas (com a ajuda do estado) sem melhoria do serviço – e agora os taxistas estão algemados a esse modelo. Resta aos taxistas reformularem e modernizarem o sistema de cobrança para se livrarem das algemas da fome reguladora estatal. Ou simplesmente usarem o Uber.
Como tudo em um mercado com mais liberdade, chegou a hora do setor de táxis tomar a decisão: evoluir ou perecer.