Ao se intrometer no mercado de produção cultural, especialmente injetando verbas estatais que teriam melhor destinação caso fossem utilizadas livremente pelos pagadores de impostos que sustentam a máquina de gastança, o governo cria e mantém uma pressão permanente dos preços para cima, de modo que ano após ano a demanda dos artistas por mais recursos estatais é crescente. Mas esse não é o único prejuízo às pessoas comuns que a intervenção costuma provocar.
Recentemente, centenas de artistas vêm tentando confundir a opinião pública ao levantar bandeiras como a que alega que o processo de impeachment é um “golpe” e colocando como prioridade nacional absoluta a manutenção da estrutura do MinC e de todos os programas relacionados que transferem dinheiro do bolso dos contribuintes para o dos ativistas que se passam por artistas.
É cômodo – embora desonesto – fingir que a administração Dilma Rousseff, apoiada em massa pelos militantes da cultura, não causou nenhum mal à população em geral, especialmente na condução catastrófica da economia, resultando na mais agressiva punição que pode ser legada às pessoas comuns (além do desemprego): a inflação.
Como a realidade tem um peso jamais atingido pela fantasia ou pelo discurso dos socialistas, o estrago provocado pelos petistas que nos posicionou tão próximos do abismo já confrontado por gregos e venezuelanos impõe-se banalmente no dia-a-dia, inclusive nas iniciativas do governo na cultura.
O Centro Cultural Banco do Brasil, por exemplo, mantido pelo banco de controle estatal, aumentou o preço dos ingressos para seu cinema em 25%: quatro reais pelo ingresso inteiro em janeiro, e agora cinco reais. A meia-entrada aparentemente desapareceu, passando de dois reais para cinco reais no mesmo período.
A prefeitura petista de São Paulo, por exemplo, reformou sua sala de cinema (tradicionalmente chamada de Cine Olido), dando-lhe um novo nome (Spcine Olido) e também um novo preço. Se antigamente a inteira cobrada era de um real (e a meia apenas 50 centavos), agora o ingresso passou para oito reais (quatro reais a meia). O cinema comercial mais próximo do Olido tem ingresso a partir de 14 reais, evidentemente com uma programação determinada pelo mercado, constante e renovada semanalmente. A “malvada” rede norte-americana Cinemark oferece ingressos promocionais de segunda a sexta por apenas seis reais (três reais a meia), enquanto a luxuosa sala mantida pelo Banco Itaú (e relativamente próxima tanto da sala do Banco do Brasil quanto da sala da prefeitura) oferece sessões populares por sete reais.
Nunca é demais lembrar que as sessões oferecidas pelos cinemas estatais já foram pagas pelos contribuintes por meio da arrecadação de impostos.
Ou seja: para a rotina dos brasileiros, o impacto das “políticas públicas para a cultura” tem sido traduzido em um custo maior para consumir cultura supostamente subsidiada pelo dinheiro de seus próprios impostos. No caso dos petistas em São Paulo, os pobres cinéfilos foram brindados por um aumento de oito vezes no preço do bilhete!
É claro que podemos encontrar uma coerência interna na coisa toda: aumenta-se o preço dos ingressos nos cinemas sustentados pelo governo e aumenta-se também as verbas para os cineastas chapa-branca continuarem fazendo filmes. Uma coisa leva à outra. Não necessariamente nessa ordem.