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Opinião: o projeto Doria de limpeza e a imprensa varrida

O prefeito da cidade de São Paulo João Doria (PSDB) reuniu nesta segunda-feira (02/01/2017) uma parte da nova equipe de governo para realizar uma breve limpeza pelas ruas de São Paulo. Os políticos convocados utilizaram trajes e utensílios típicos dos garis que limpam a cidade diariamente, balançaram um pouco as vassouras sobre o solo mantido pelos pagadores de impostos da maior cidade brasileira e tiraram muitas fotos.

De acordo com informações divulgadas pela imprensa, o “novato” no mundo político afirmou que acordará cedo semanalmente para limpar a cidade de São Paulo no decorrer do seu mandato de quatro anos. Todavia, é muito importante que o público saiba analisar todos os elementos do fato construído pela imprensa em torno da primeira aparição do novo gestor.

Inicialmente, deve-se considerar que a apresentação de um político em trajes típicos de trabalhador comum sempre pretendeu conquistar a opinião pública. Sob tal perspectiva, a atitude de João Doria não inovou qualquer prática verificada nos primeiros dias de governo ou em eventos de passível elevação da imagem perante a população.

Ainda, segundo as informações difundidas, o prefeito celebrou um compromisso público de investir algumas horas semanais para varrer a cidade de São Paulo. Se o compromisso for realizado, o portador da bandeira da gestão eficiente ao longo da corrida eleitoral de 2016 terá proporcionado uma mudança: o cumprimento de uma promessa que ultrapassa a mera demagogia e a inserção do homem público no universo de atividades pouco valorizadas perante parte da sociedade. Neste cenário, o trabalho em qualquer dimensão seria valorizado e o homem público se tornaria um cidadão comum. Nesta hipótese, haveria alguma mudança!

Para boa parte da imprensa que noticiou o fato, o prefeito nada fez além de tirar algumas fotos, na tentativa de construir uma determinada imagem perante a população, reiniciando um ciclo típico que termina por atraiçoar os cidadãos. Nesse sentido, alguns acompanharam os ditos jornalistas e achincalharam o novo prefeito. Outros viram em João Dória um herói – humilde e trabalhador – que mergulhou no mundo do trabalho simples para a todos igualar.

Quem está com a razão? Certamente, João Dória não agiu de forma diferenciada, se comparado com outros políticos e analisado, isoladamente, o fato da limpeza ocorrida hoje. Não é devida tamanha repulsa. Também não vestiu uma capa e saiu voando pelas ruas de São Paulo no primeiro dia de governo para acabar com todos os problemas. A vestimenta utilizada foi a de gari e um compromisso foi celebrado. O aplauso demanda cautela.

De toda forma, espera-se do novo prefeito que realize uma limpeza na política – cumprindo promessas de campanha – e que busque uma maneira melhor de gerir a máquina pública capenga que tanto consome a poupança privada em notória demasia.

Se a bandeira da eficiência for cumprida, os seus eleitores e aqueles que não votaram nele – o segundo grupo preenchido por muitos liberais desconfiados do projeto político, das promessas de privatização e da redução da intervenção do município na vida privada – poderão dizer que o novato foi realmente um gestor.

A política não encontra grandes encantos na população e, em muitos momentos, certas opiniões da imprensa apenas contribuem para o distanciamento do cidadão comum das discussões acerca dos problemas existentes no modelo de estado brasileiro.

Sendo assim, fazem-se urgentes mudanças para a adequação do estado e redução do poder público sobre a vida das pessoas. Para tanto, é fundamental que a população acompanhe de perto a atuação dos políticos e o cumprimento de compromissos assumidos.

Que sejam varridas as ruas da cidade, não a mente daqueles que deveriam contribuir para a veiculação de informações sólidas, fomentando, assim, debates necessários às reformas estruturais e morais na política brasileira.

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