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Somos todos vítimas do estado que sustentamos

Estão todos fazendo textos sobre o estupro coletivo de uma adolescente carioca, mas quero ir além desse assunto.

Mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso ao saneamento básico.

Nas favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro, onde o crime foi cometido, o saneamento continua longe do básico. O esgoto é o que tem a pior situação, revelando-se a céu aberto e o tratamento está perto de zero. Segundo Christopher Eppig, doutorando em Biologia da Universidade do Novo México (EUA), o saneamento é provavelmente o investimento mais importante em saúde pública, afinal, grande parte dos parasitas são transmitidos pela água.

Em um recém-nascido, 87% das calorias absorvidas na alimentação vai para o cérebro. Aos cinco anos de idade, metade da energia consumida pelo organismo de uma criança vai para o cérebro. Quando a criança adoece, a ativação do sistema imunológico passa a exigir mais de 30% das calorias que ela ingere.

Diversos estudos nos últimos anos procuraram relacionar o coeficiente de inteligência com causas biológicas, como o realizado na Universidade Federal de Minas Gerais por Anne Jardim Botelho em seu mestrado, em 2008. A conclusão foi a de que as infecções parasitárias, comuns em áreas de saneamento precário, como as favelas, podem afetar a capacidade cognitiva das crianças, com consequências sobre o desempenho escolar.

Aliado a isso, vivemos num país que ostenta as piores colocações nos rankings internacionais de educação, reflexo de uma população largada à beira do descaso e refém de um sistema educacional falido e insustentável. Sendo assim, não bastam as consequências de um péssimo desenvolvimento intelectual por parte de muitos brasileiros: ainda temos um sistema que os submete à completa estagnação intelectual.

Inteligência define-se em termos operacionais como coeficiente intelectual (CI ou IQ), o qual se obtém das provas de inteligência adaptadas à cada país, tais como o Wechsler, Stanford-Binet, entre outras. No Brasil, estima-se que a média do QI do brasileiro oscile entre 86-87. Quando o QI é inferior a 70, se considera retardo mental.

Para a psicopatologia, pouca capacidade de frustração e baixo intelecto são causas da conduta violenta por parte de um indivíduo.

Pois bem.

Em 2015, pelo quinto ano consecutivo, o Brasil é último em ranking sobre retorno dos impostos. Pior ainda, a complexidade do sistema tributário brasileiro exige dos contribuintes 2.600 horas por ano, ou 180 dias, para pagar imposto, segundo dados do Banco Mundial. Resta pouco tempo para dedicar-se à leitura, ao lazer, ao estudo ou ao aperfeiçoamento. O brasileiro vive para trabalhar para o estado, que nada lhe dá em troca.

A política do descaso observada aqui, ao que me parece, está longe de ser acidental ou puramente incompetente. É proposital. O descaso estatal aliado à sua fome insaciável pelo dinheiro – ou seja, trabalho – alheios servem unicamente ao emburrecimento programado da população. Uma população burra está menos suscetível a prosperar e portanto tende a depender mais do estado. Alguns indivíduos dessa população também se tornam frustrados e aí se tornam criminosos.

Talvez seja por isso que vemos estupradores orgulhosos de seus atos, como a horda que violentou uma garota de 16 anos até que ela desmaiasse.

Talvez seja por isso que vemos assustadores índices de violência, que nos colocam nas primeiras posições dos países com os piores índices de homicídio.

Talvez seja por isso que cada vez mais pessoas passem a utilizar drogas, viciando-se e se tornando ainda mais violentas do que já eram.

Talvez seja por isso que não tenhamos certas liberdades, como sair tranquilo às ruas com nossos pertences, sem que sejamos atacados até mesmo nos pontos de ônibus pelos viciados mencionados no parágrafo acima.

Todo o caos que estamos vivendo foi planejado pelos detentores do poder estatal para que do estado ficássemos mais dependentes. Nos desarmaram, nos emburreceram, nos colocaram correntes para que virássemos seus escravos.

A população brasileira está sendo subjugada por uma política criminosa e assassina em nome do poder estatal. Nenhum crime chocante que aparece no noticiário é obra do acaso. É tudo programado em nome do poder.

Somos todos vítimas do estado que sustentamos.

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