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O estado transformou os capixabas e demais brasileiros em reféns dos criminosos

Conheci parte do estado do Espírito Santo em 2006, em uma viagem de Ano Novo que fiz com namorada e amigos, ao litoral sul do estado. Como uma característica comum na maior parte do Brasil, o capixaba é extremamente cordial e atencioso. Me encantei com a praia de Meaípe em Guarapari, o arroz Nogueira e a moqueca capixaba que não vai óleo de dendê, como ressaltava sempre o chef Gilson Surrage, da praia de Iriri em Anchieta.

O estado com o 4° maior PIB per capita do país e alto índice de IDH conta com a exportação de minério de ferro, produção de cana-de-açúcar, laranja e um excelente café. Grandes indústrias estão presentes no estado como a Vale, ArcelorMittal, Aracruz Celulose e a maior fábrica de chocolates da América Latina, a Garoto. Infelizmente, desde a última sexta-feira (03), os centros urbanos foram assolados pela devastação da violência.

Após a declaração de greve da Polícia Militar tem sido cada vez mais difícil ao cidadão comum se locomover pela cidade. No início da manhã de sábado, diversos bandidos chegaram a fechar o Terminal de Vila Velha para roubar os passageiros, sendo reconhecidos poucas horas depois. Diversas cidades da Grande Vitória – Cariacica, Guarapari, Serra, Viana e Vila Velha – estão com comércios fechados. Um vídeo gravado no último domingo mostra alguns detalhes do arrastão no shopping Mestre Álvaro, na cidade de Serra, que resultou em prejuízos para diversos clientes e lojas, mas a imprensa tradicional tratou como uma “correria”.

Um amigo empresário, morador da praia de Itaparica, periodicamente envia informações a respeito e desconfia das notas oficiais de hoje, que falam em 51 mortes no final de semana (no mês inteiro de janeiro foram 4). Ao circular pela cidade podem ser vistos corpos ainda a recolher. Nessa tarde, todo o comércio da cidade fechou por volta das 16h. “Saí para almoçar e está tudo fechado. Padaria, supermercado, farmácia, banco, lotérica… tudo!”, disse o empresário. “Carros circulando na contramão da avenida, todo mundo furando sinal de trânsito. Quase não se vê ninguém na rua. Está todo mundo com medo.”

O estado destina 53,5% do orçamento público para gastos com pessoal. Hartung, governador que tomou posse em 2015, conseguiu reverter o déficit primário bilionário de 2013 e 2014 para um superávit em 2015, comprometendo os reajustes salariais por 2 anos, incluindo o dos policiais militares.

A responsabilidade das unidades estatais de polícia ostensiva é o patrulhamento e prevenção da violência. O objetivo da polícia militar seria o de proteção dos indivíduos, como fazem os seguranças de prédios comerciais, condomínios de luxo e escolta de famosos. Já o papel polícia civil, conhecida como polícia judiciária, é a investigação, o suporte aos processos do sistema judiciário. Entretanto, é impossível ter um contingente de policiais suficiente para proteção e mitigação de riscos de segurança 100% do tempo (a não ser que você seja um artista famoso ou político), logo, toda esta anomia – estado social de ausência de regras e normas, onde os indivíduos desconsideram o controle social que rege determinada sociedade – no estado do Espírito Santo reflete a total falta de consideração ao mais essencial dos direitos de qualquer indivíduo: a vida e a sua, por vezes necessária, autoproteção. O desarmamento de civis tem uma grande margem de contribuição nesse caos.

Há apenas um público que não tem medo: quem pode contar com segurança privada. Ou quem não se rendeu ao desarmamento estatal. Como uma amiga de Cariacica observou, “Quem pode está andando nas ruas armado. Ainda bem que aqui em casa tem arma. Meu pai não se desarmou. E já invadiram uma casa por aqui…”

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